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Este Blog está sendo construído como parte das atividades da disciplina "Gestão de Recursos Hídricos" lecionada pela Profa Dra Solange T. de Lima Guimarães no 2º semestre de 2010 na Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP campus de Rio Claro (Instituto de Geociências e Ciências Exatas -IGCE), para o curso de Geografia. O objetivo é divulgar conhecimentos e informações sobre o Oceano Atlântico Sul, especialmente em relação ao Brasil. Para tanto, publicamos aqui textos escritos pelos autores, notícias, legislações, livros e documentos sobre o tema. Os autores são: Camila Benedito, Vérica Cristina Bega e Tiago da Silva Matsushima.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Notícia: "Sucessor para o Professor Besnard"

Especiais

19/11/2010

Por Fábio de Castro

FAPESP espera apenas por relatório final de vistoria para aprovar aquisição do navio oceanográfico norte-americano Moana Wave. Embarcação ficará a cargo da USP (foto: Un. do Havaí)

Agência FAPESP – A comunidade científica paulista deverá ganhar em breve um navio oceanográfico que poderá levar a capacidade de pesquisas na área a um novo patamar, de acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz.

A compra do navio Moana Wave, que pertenceu à Universidade do Havaí (Estados Unidos), faz parte de um projeto de incremento da capacidade de pesquisa submetido à FAPESP pelo Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com Brito Cruz, o projeto foi aprovado e a compra do navio está nos últimos estágios de análise.

Brito Cruz participou, na manhã desta quinta-feira (18/11), do evento “Oceanos e Sociedade”, promovido pelo IO-USP em sua sede. O Moana Wave foi construído em 1973 e tem 64 metros de comprimento por 11 metros de largura. Tem capacidade para levar 20 pessoas e deslocar 972 toneladas.

A análise está adiantada. A aquisição agora depende apenas da aprovação do relatório da JMS, empresa norte-americana de engenharia naval contratada pela FAPESP para fazer uma vistoria técnica da embarcação. A empresa é responsável por fazer os laudos periódicos para todos os navios de pesquisa financiados pela National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos.

“A vistoria foi acompanhada por uma equipe do IO-USP, que já aprovou a compra. Assim que o relatório for apresentado tomaremos a decisão final para deflagrar a operação de aquisição, que faz parte de uma proposta de levar a pesquisa paulista em oceanografia para outro patamar”, disse Brito Cruz.

Se o navio for adquirido, receberá um novo nome, proposto pela diretoria do IO-USP: Alpha Crucis. O nome remete à estrela mais brilhante da constelação do Cruzeiro do Sul. Trata-se também da estrela que representa o Estado de São Paulo na bandeira nacional.

“Outra iniciativa relevante será a aquisição de um barco oceanográfico. Com isso, serão dois instrumentos importantes para proporcionar um salto de pesquisa na área. O Atlântico Sul é pouco estudado e avançar o conhecimento sobre ele tornou-se uma tarefa crítica devido à questão das mudanças climáticas”, afirmou Brito Cruz.

De acordo com o diretor do IO-USP, Michel Michaelovitch, o Moana Wave substituirá o navio oceanográfico Professor W. Besnard, que está sem condições operacionais de pesquisa. O navio, que levou as primeiras equipes de pesquisa brasileiras à Antártica, sofreu um incêndio em 2008 e atualmente não tem capacidade de locomoção.

Essa perda, segundo Michaelovitch, gerou a demanda, junto à FAPESP, de apoio para a aquisição de um navio que atenda à necessidade de pesquisa oceanográfica no Estado de São Paulo. O Moana Wave representará ainda um incremento das condições de pesquisa em relação à antiga embarcação.

“Em comparação com o Professor Besnard, o salto qualitativo é gigantesco. Uma das principais razões para isso é a diferença de autonomia. Enquanto o Besnard tinha uma autonomia de 15 dias, o Moana Wave tem capacidade para navegar 70 dias”, disse Michaelovitch à Agência FAPESP.

Com a autonomia de 70 dias, os pesquisadores poderão atingir áreas distantes, incluindo não apenas a região do pré-sal – um tema importante atualmente –, mas também outros locais em oceano profundo.

“Isso amplia a capacidade de pesquisas em diversas áreas, como os estudos sobre biodiversidade em águas profundas. Nesse caso, o navio poderá ser útil para cientistas do Programa Biota-FAPESP, por exemplo”, explicou.

O mesmo vale, segundo Michaelovitch, para possíveis parcerias com a Escola Politécnica para desenvolvimento tecnológico em oceano profundo, ou estudos sobre recursos naturais e mudanças climáticas. “Em suma, abre-se um leque de perspectivas de pesquisa que são hoje limitadas pela inexistência de um meio flutuante com capacidade de fazer esse tipo de trabalho”, disse.

Navio multiusuário

A análise do Moana Wave pela JMS foi realizada nos dias 8 e 9 de novembro, com a presença de uma equipe do IO-USP da qual Michaelovitch fez parte.

“Como pesquisador e usuário do navio oceanográfico, acompanhei pessoalmente a vistoria, juntamente com o atual comandante e o chefe de máquinas do Besnard, além de mais um pesquisador do IO-USP”, disse.

Segundo o diretor do IO-USP, foi feito um levantamento minucioso das condições estruturais, máquinas, equipamentos, instalações e laboratórios, reunindo um conjunto grande de informações. O relatório pautará a decisão final da FAPESP.

“Consideramos que o navio tem boas condições e longa vida útil pela frente. O relatório formal deverá ser enviado em cerca de duas semanas. Se for aprovado, algumas modificações que solicitamos à embarcação serão feitas no próprio estaleiro onde se encontra atualmente, em Seattle. O navio deverá ter condições de chegar ao Brasil em meados de 2011, já em totais condições de operação”, disse.

Segundo Michaelovitch, a FAPESP financiará a compra do navio e a instrumentação deverá ser financiada pelos dois Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) voltados a pesquisas marítimas.

“Vamos pleitear recursos na chamada dos INCTs para complementar a instrumentação do navio, muito embora ele já venha com um conjunto importante de equipamentos. Já é um navio oceanográfico e não precisa de adaptações”, disse.

A manutenção e a gestão do navio, por exigência da FAPESP, ficarão a cargo da USP, segundo Michaelovitch. “O navio pertencerá à USP e não ao IO, embora naturalmente o instituto vá operá-lo. Mas é importante destacar que haverá um compartilhamento das atividades do navio, como sempre ocorreu, no passado, com o Professor Besnard”, disse.

Segundo Michaelovitch, não haverá restrição a projetos de outras unidades ou instituições. “Unidades da USP como a Escola Politécnica, ou o Museu de Zoologia, ou o Centro de Biologia Marinha, têm competências específicas de pesquisa para as quais o navio será muito útil. Projetos ligados a grandes programas – como o Biota-FAPESP – reúnem sempre pesquisadores de várias universidades, como a Unicamp e a Unesp”, disse.


Referência Bibliográfica

CASTRO, Fábio de. Sucessor para o Professor Besnard. Agência FAPESP, São Paulo-SP, 19 nov. 2010. Disponível em: http://www.agencia.fapesp.br/materia/13062/especiais/sucessor-para-o-professor-besnard.htm. Acesso em: 24 nov. 2010.

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