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Este Blog está sendo construído como parte das atividades da disciplina "Gestão de Recursos Hídricos" lecionada pela Profa Dra Solange T. de Lima Guimarães no 2º semestre de 2010 na Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP campus de Rio Claro (Instituto de Geociências e Ciências Exatas -IGCE), para o curso de Geografia. O objetivo é divulgar conhecimentos e informações sobre o Oceano Atlântico Sul, especialmente em relação ao Brasil. Para tanto, publicamos aqui textos escritos pelos autores, notícias, legislações, livros e documentos sobre o tema. Os autores são: Camila Benedito, Vérica Cristina Bega e Tiago da Silva Matsushima.

sábado, 23 de outubro de 2010

Unidade de Conservação Marinha no Brasil: o Atol das Rocas

De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, uma Reserva Biológica (REBIO) é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, que, segundo o parágrafo 1º do artigo 7º da lei supracitada (grifo nosso), visa:

Art. 7º As unidades de conservação integrantes do SNUC [Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza] dividem-se em dois grupos, com características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral;

II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

A finalidade de uma Reserva Biológica está explicitada no artigo 10 da Lei nº 9.985/00:

Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

§ 1º A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2º É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

A Reserva Biológica (REBIO) Marinha do Atol das Rocas foi instituída pelo Decreto Federal nº 83.549 de 5 de junho de 1979 se constituindo como a primeira unidade de conservação marinha no Brasil estabelecida para conservar a zona de alimentação e reprodução de espécies marinhas, como peixes, aves, tartarugas e recifes de corais. Está localizada no litoral do Estado do Rio Grande do Norte (RN) e possui uma área de 36.249,00 ha. O Atol está situado a cerca de 145 km a oeste do arquipélago de Fernando de Noronha e a aproximadamente 260 km a nordeste de Natal, no Rio Grande do Norte. É o único atol do Oceano Atlântico Sul Ocidental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010).

A REBIO do Atol das Rocas é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, constituindo-se como uma das maiores áreas de alimentação e reprodução de aves marinhas e segunda maior área de reprodução de tartarugas-verdes da América do Sul. É um pólo de atração de pesquisadores que desejam investigar sua biodiversidade, inclusive uma parceria entre o ICMBio e a Fundação SOS Mata Atlântica, responsável pelo Fundo Amigos do Atol, foi oficializada em maio de 2009 para operacionalização de uma nova estação científica visando apoiar o trabalho de fiscalização, conservação e pesquisa (INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBio, 2010).

O Atol é a maior colônia de aves marinhas tropicais do Brasil, abrigando aproximadamente 150 mil indivíduos de 29 espécies diferentes, como por exemplo, Atobá-mascarado (Sula dactylatra), Atobá-marrom (Sula leucogaster), Trinta-réis-do-manto-negro (Sterna fuscata), Viuvinha-marrom (Anous stolidus), Viuvinha-negra (Anous minutus), Atobá-do-pé-vermelho (Sula sula) e Fragata (Fregata magnificens). Antes da criação da Reserva Biológica do Atol das Rocas, em 1979, muitos pescadores chegavam às ilhas e capturavam os ovos das aves marinhas para alimentação e também usavam os filhotes como iscas em armadilhas para pescar lagostas (INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBio, 2010).

Os répteis que habitam o Atol são as tartarugas marinhas da família cheloniidae, e as mais comuns são a tartaruga-verde (Chelonia mydas) e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). Nos 11 anos de pesquisa do Projeto Tamar no Atol, 623 fêmeas de tartarugas-verde realizaram a desova na reserva (INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBio, 2010).

Uma carta náutica escrita por Alberto Cantino e publicada em 1502 é a primeira menção ao Atol das Rocas, cujo nome se relaciona à sua formação, que lembra rochas, e no idioma espanhol se escreve roccas. O Plano de Manejo da reserva levou sete anos de pesquisa para ser concluído (finalizado em maio de 2009) e foi realizado por uma consultoria contratada sob a responsabilidade da equipe da REBIO. O referido Plano delineia os fundamentos do zoneamento, as normas de uso dos recursos e regulamenta a instalação de estruturas físicas no local (INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - ICMBio, 2010).

Devido ao peso de sua importância para a conservação da biodiversidade marinha, o Atol das Rocas foi declarado em 2001 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, como Patrimônio Mundial no Brasil (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA - UNESCO, 2010).


Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. Reserva Biológica - REBIO do Atol das Rocas. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/brasil/RN/rebio-do-atol-das-rocas/rebio-do-atol-das-rocas/?searchterm=Atol%20das%20Rocas. Acesso em: 23 out. 2010.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. Plano de manejo revela a exuberância da vida marinha no Atol das Rocas. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/plano-de-manejo-revela-a-exuberancia-da-vida-marinha-no-atol-das-rocas/?searchterm=Atol%20das%20Rocas. Acesso em: 23 out. 2010.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. Parceria garante nova base de pesquisas na Reserva Biológica do Atol das Rocas. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/noticias/parceria-garante-nova-base-de-pesquisas-na-reserva-biologica-do-atol-das-rocas/?searchterm=Atol%20das%20Rocas. Acesso em: 23 out. 2010.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Recifes de coral no Brasil. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=205&idConteudo=9745. Acesso em: 23 out. 2010.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br/.../Leis/L9985.htm. Acesso em: 23 out. 2010.

ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. Lista do Patrimônio Mundial no Brasil. Disponível em: http://www.unesco.org/pt/brasilia/culture-in-brazil/world-heritage-in-brazil/world-heritage-list-brazil/. Acesso em: 23 out. 2010.

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