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Este Blog está sendo construído como parte das atividades da disciplina "Gestão de Recursos Hídricos" lecionada pela Profa Dra Solange T. de Lima Guimarães no 2º semestre de 2010 na Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP campus de Rio Claro (Instituto de Geociências e Ciências Exatas -IGCE), para o curso de Geografia. O objetivo é divulgar conhecimentos e informações sobre o Oceano Atlântico Sul, especialmente em relação ao Brasil. Para tanto, publicamos aqui textos escritos pelos autores, notícias, legislações, livros e documentos sobre o tema. Os autores são: Camila Benedito, Vérica Cristina Bega e Tiago da Silva Matsushima.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poluição Marinha - Parte 2

Dando continuidade ao primeiro artigo sobre poluição marinha, este segundo artigo aborda o tema do lixo nas praias e no mar e o esgoto dos municípios litorâneos.

Em relação ao lixo como fonte de poluição da zona costeira brasileira, é muito frequente seu acúmulo após um dia de banho de mar das pessoas que vão à praia em busca de lazer e contemplação. Este lixo, de todo tipo, como plástico, papel e restos de alimentos, acaba indo parar no mar, provocando a morte de centenas de animais marinhos, que os confundem com alimentos, e acabam por ingeri-los. Outra prática muito frequente é o despejo de lixo ao mar por navios cargueiros e de turismo, por falta de consciência dos estragos que este lixo acumulado provoca na vida marinha e na contaminação das águas dos oceanos, poluindo as praias aonde este lixo irá se depositar.

O Dia Mundial de Limpeza de Praias (International Coastal Cleanup), comemorado todo ano, é realizado desde 1988 e se constitui no maior empenho de limpeza do meio ambiente costeiro do mundo com o objetivo de retirar o lixo das áreas costeiras, praias e canais dos oceanos, rios e lagos, coletar dados sobre as características qualitativas e quantitativas do lixo, sensibilizar as pessoas sobre os problemas gerados pelo descarte de resíduos sólidos nas praias, e usar os dados obtidos para gerar informações úteis na promoção de atitudes de respeito ao ambiente costeiro e de conservação das praias e do mar (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2006). É uma campanha que ocorre simultaneamente em mais de 125 países, com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), por meio do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (INSTITUTO ECOLÓGICO AQUALUNG, 2010).

Os resíduos sólidos no ambiente costeiro são fortemente considerados como o mais importante fato que provoca a degradação visual, ou seja, a perda estética nestes ambientes, causando enormes danos para o turismo, sendo também um risco para os frequentadores das praias (por causa da disseminação de vetores de doenças) e para a biota marinha (DIAS FILHO et al., 2010, apud ARAÚJO; COSTA, 2004 e 2007).

A ação “Praia Local, Lixo Global”, fundada pelo surfista e fotógrafo brasileiro Fabiano Prado Barretto, visa divulgar informações sobre o lixo marinho, por meio de fotos e publicações na mídia e também combater esta prática prejudicial ao meio ambiente marinho. Uma de suas propostas é a criação do “Programa Brasileiro de Monitoramento do Lixo Marinho”, dada a urgência de se estabelecer medidas efetivas de mitigação dos impactos causados pela poluição por resíduos sólidos no ambiente costeiro. Para a sustentação deste programa nacional, está em vigor o “Projeto Lixo Marinho”, que visa difundir o conhecimento sobre o lixo marinho no Oceano Atlântico Sul Ocidental, especialmente nas zonas costeiras e marinhas brasileiras.

No tocante ao lançamento de esgotos nas praias brasileiras, é preciso mencionar que o divertimento nas águas do mar é uma atividade muito difundida no Brasil, pela grande extensão de costa do país e por ser um lazer gratuito e de acesso relativamente fácil, o que garante a sustentação do turismo no litoral. Porém, águas contaminadas com esgoto podem provocar diversas doenças nos banhistas, além de prejudicar os ambientes estuarinos, como os manguezais, e impactar a atividade pesqueira (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2010).

Os “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, edição 2010, do IBGE, mostram que, no geral, as praias localizadas próximas a portos e cidades, majoritariamente aquelas que apresentam pouca renovação de água (como estuários e interior de baías), possuem péssima qualidade da água - devido a apresentarem valores médios anuais de bactérias muito altos e menor percentual de tempo de condições adequadas para o banho - o que é resultado de baixo investimento em tratamento de esgotos. Em relação à coleta de esgotos sanitários o país vem apresentando grande melhora, no entanto, isto não ocorre com o tratamento deste esgoto. As praias de mar aberto nas cidades litorâneas possuem em geral melhor qualidade de água, devido à maior renovação das águas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2010).

De acordo com o Glossário da “Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008”, divulgada pelo IBGE (2010, p. 211), “tratamento do esgoto sanitário” significa:
tratamento do esgoto sanitário Combinação de processos físicos, químicos e biológicos, com o objetivo de reduzir a carga orgânica existente no esgoto sanitário. O tratamento de esgotos sanitários pode ser dividido em quatro etapas principais – preliminar, primário, secundário e terciário – sucessivas e complementares, nas quais o efluente é progressivamente tratado antes de ser lançado em um corpo d’água. Os processos de tratamento do esgoto sanitário são classificados, quanto ao tipo, em: filtro biológico; lodo ativado; reator anaeróbio; valo de oxidação; lagoa anaeróbia; lagoa aeróbia; lagoa aerada; lagoa facultativa; lagoa mista; lagoa de maturação; fossa séptica de sistema condominial; WETLAND/aplicação no solo; ou plantas aquáticas.

Em relação à saúde pública, o esgoto na praia expõe os banhistas a bactérias, vírus e protozoários que podem causar diversas infecções. Dentre as doenças provocadas pelo contato com águas contaminadas por esgoto no litoral estão: gastroenterite, hepatite A, cólera, febre tifóide, conjuntivite, otite e doenças das vias respiratórias (COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CETESB, 2009).

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Dia Mundial de Limpeza de Praias 2006. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/parna_abrolhos/index.php?id_menu=24&id_arq=61. Acesso em: 30 set. 2010.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil 2010. Rio de janeiro, 2010. (Estudos e Pesquisas, Informação Geográfica n. 7). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2010.pdf. Acesso em: 30 set. 2010.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Rio de janeiro, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf. Acesso em: 30 set. 2010.

DIAS FILHO et al. Avaliação da percepção pública na contaminação por lixo marinho de
acordo com o perfil do usuário: Estudo de caso em uma praia urbana no Nordeste do Brasil. Revista Gestão Costeira Integrada. 2010. Disponível em: http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-190_Filho.pdf. Acesso em: 30 set. 2010.

INSTITUTO ECOLÓGICO AQUALUNG. Projeto Limpeza na Praia. Disponível em: http://www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html. Acesso em: 30 set. 2010.

PRAIA LOCAL LIXO GLOBAL. Ação de Retribuição. Disponível em: http://www.globalgarbage.org/site_antigo/public_html/acao.php. Acesso em: 30 set. 2010.

PRAIA LOCAL LIXO GLOBAL. Projeto Lixo Marinho: o projeto. Disponível em: http://www.projetolixomarinho.org/. Acesso em: 30 set. 2010.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB. Relatório de Qualidade das praias litorâneas no estado de São Paulo 2009. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/praias/publicacoes.asp. Acesso em: 30 set. 2010.

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